terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Educação e a Greve nas Federais

Batalha da Inglaterra - 1940



"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos"
(Winston Churchill - 1940) 



 Deve parecer estranho um texto sobre educação e greve começar com a citação acima, mas foi justamente esta frase que me veio a mente enquanto refletia sobre a greve das unidades de ensino federais, enquanto preparava o café da manhã.

Mas qual a relevância da frase com a greve e a educação em si?

Verificando as últimas notícias sobre a greve das unidades de ensino federais, da qual faço parte, e percebendo que das 28 unidades do Instituto Federal de São Paulo (antigo CEFET) apenas 7 aderiram ao movimento, infelizmente a minha unidade faz parte das 21 que não aderiram, a frase me veio a mente, "TANTO A TÃO POUCOS".

Pensando melhor, não são apenas os professores e técnico-administrativos de TODAS as unidades de São Paulo, que vão se beneficiar dos POUCOS (pelo menos em São Paulo) que brigam pelo movimento, mas a POPULAÇÃO também, visto que o movimento não é apenas por salários, mas por uma melhora na qualidade de ensino.

O pior é que a população em muitos casos não reconhece isso, ou até mesmo não liga para  isso.

Para que melhorar a qualidade de ensino. Cansei de ouvir de alunos, de nível superior, pior ainda, que sua única preocupação era passar, tirar diploma. Qualidade?! Ninguém está preocupado.

Neste momento de reflexão tinha ainda fresco em minha memória as palavras de José Nêumanne Pinto, grande jornalista, em uma entrevista de seu novo livro "O que sei de Lula", a qual reproduzo:

"...cidadão brasileiro oportunista, vagabundo, inimigo da leitura e da educação...."

O pior que em vista de minhas vivências, que é pouca, mas em minha míope visão, tive que concordar. Já presenciei pessoas que precisando trabalhar, ao ver o que era preciso fazer, se recusava...."é muito serviço moço".

É muito gente querendo tirar proveito, e não estou falando de políticos, mas do brasileiro comum, querendo facilidades e nenhuma obrigação.

Como uma greve que se pretende melhorar o nosso ensino, que é ruim, péssimo na verdade, a bastante tempo, diga-se de passagem, pode atingir estas pessoas? E no fim são estas as maiores beneficiadas.

O Instituto Federal ministra cursos profissionalizantes visando justamente as pessoas de baixa renda, não apenas, mas principalmente, com o objetivo de permitir que estas pessoas qualificadas ou requalificadas, teoricamente, de forma adequada, uma melhor posição em termos de cargos e salários.

Mas o objetivo não só do atual governo, mas do anterior também, é apenas gerar um volume de novos alunos, sem preocupação direta com a qualidade destes alunos. Afinal o que vale é a inauguração de novas unidades de ensino, se vai ter professor ou não...bom isso é outro problema né?!

Vejam como exemplo a inauguração em agosto do campus de São José dos Campos, esteve presente até o ministro, mas as imagens mostradas na televisão mostram salas inacabadas. Questionado o Reitor, pró-tempore, sobre os cursos que seriam ministrados o mesmo respondeu que em breve se saberiam os cursos...

Mas espere, foi inaugurado uma nova unidade de ensino que não tem previsto ainda cursos e serem ministrados, não tem funcionários e professores destinados, nem concurso foi aberto, então o que se inaugurou? Um prédio? E a população? Achou isso bacana?

Esse é o retrato de nossa educação nesse momento de greve das unidades de ensino federal.

O Estado finge que ensina, os alunos fingem que aprendem, e a população acha que está tudo legal. Gastamos muito e mal. E neste sanduiche quem sofre as consequências são os servidores, são os professores, que querem cumprir seu papel e não conseguem.

TANTOS A TÃO POUCOS......

 Temos muito que fazer pela educação neste pais, mas enquanto a população não se conscientizar e se mobilizar para cobrar isso, não teremos resultado.

Gastamos bilhões com trem-bala, mas não temos dinheiro para melhorar o salários dos funcionários e professores, a pelo menos três anos congelados, a antes disso, por oito anos sem aumento, será que o trabalhador do setor privado se submeteria a isso?

Ainda temos que escutar pérolas como a do governador do Ceará Cid Gomes que o "...professor é uma profissão de sacrifícios, que quer salários bons que vá para o setor privado..."

Quando li isso não sabia se ria ou se chorava. Ria por que só poderia ser uma piada ou chorava pela incapacidade de votar correto de uma população que elege alguns como este individuo para ser governador.

Talvez devemos aproveitar a pérola e lançar uma campanha, POLÍTICA É SERVIR AO POVO, ELES NÃO PRECISAM DE SALÁRIOS E REGALIAS.

Tenho certeza que o Senhor Governador Cid Gomes não vai concordar, afinal quem vai pagar as passagens de avião de sua sogra e companhia para viajar na Europa? Já saiu em jornais e revista e os eleitores não ligaram, sem comentários....

Bom....ou a população começa a cobrar o que os nossos governadores nos devem por direito constitucional ou o último que sair que apague a luz.....

Encerro parabenizando os POUCOS de São Paulo, que como os bravos e heroicos pilotos da RAF, se batem contra o mal, sem se preocupar com seus interesses mais imediatos e mesquinhos, mas sim com um bem maior...eles LUTAM POR TANTOS.

Já me sinto devedor de todos vocês, meu coração estará sempre os acompanhando. tenho sofrido torturas de consciência, pois me comprometi com o grupo local, que optou por abandonar a luta...

Fico imaginando se isso tivesse acontecido em 1940 também.......